quarta-feira, 21 de setembro de 2011

QUERO O SEU OLHAR DE SOL - Lúcia Helena Pereira


QUERO O SEU OLHAR DE SOL

Lúcia Helena Pereira 

Sim, quero o seu olhar de sol,
Sem a venda intrusa que a poeira cobre e ofusca.
O Seu olhar é mirante de alegrias
Alegoria festiva, convidada para os carnavais.

Vejo uma dança branca em seu olhar de mel
Requebrando-se numa esquina azul,
Onde uma íris enfeitada de doçura,
Ensaia passos ao redor do palco âmbar.

Quero o seu olhar em irradiante luz,
Em terceira dimensão, com visões rosadas
De lírios se abrindo, num muro cor de primavera
Flambada de sol.

Vejo a retina do seu olhar vestida de cristais
Porque tudo nele é luz, claridade,
É potencial de distância alcançada
No seu doce e puro olhar de amor.

Quero o rio brilhando em seu olhar
Que aponta faróis incandescentes
E contempla o dia e a noite,
Com uma clareza certamente pródiga.

E beijo o calor que emana do seu olhar
Nele um bafo de anjo já suspira
Anunciando o novo dia,
A nova luz do véu estelar do seu olhar.

Quero o seu olhar completamente enfeitado
Onde namoram paisagens e flores se acasalam
Junto aos pássaros do amanhecer,
Em muita luz, brilho e um verde exuberante.

Porque o seu olhar vem da canção diurna,
Embora mudo, seu olhar canta a pulsação
Da melodia em notas magistrais,
Dó, ré, fá, sol, lá, si...

Quero o seu olhar derramando vestigios
Espalhando a dança dos pirilampos
Num chão de folhas frescas e perfumadas,
Onde o sol desmaia tênues fios.

Esse seu olhar de bicho na escuridão das matas
Divisando mistérios, acendendo clareiras,
Olhar de fogo, ardor, olhar de brisa e amanhecer
Um olhar ocre, cheio de milagres.

Quero o seu olhar abrindo as cortinas
Do grande palco da vida.
Quero-o com novo figurino, bons atores,
Quero um filtro delicado para o licor do seu olhar.
EU QUERO!

1 comentário:

  1. Que belos e ardentes são as emoções poéticas de minha Cara Amiga e Confreira, Lúcia Helena Pereira - "A Poetisa das Flores e do Amor"! - expressivo nome artístico que tive a felicidade e a inspiração de lhe atribuir tão justamente que para todos ficou. A lírica poética de Lúcia Helena, é de um romantismo que expressa, ao mesmo tempo, poesia, música e pintura. Um afresco poético, pictórico-musical!
    Seus poemas são plenos de amor, de enamoramento, de encantamento, ou de idealismo amoroso, ou de saudades de amores vividos, e que, com pinceladas de metáforas bucólicas, nos fazem vibrar como ecos de um lirismo apaixonado da mais sublime expressão do romantismo português de Florbela Espanca - 1894-1930 (como já escrevi no Tributo de Homenagem a Lúcia Helena Pereira, em www.culturasefaectoslusofonos.blogspot.com).

    Seus poemas desenham e pintam, também, campos verdes, flores, pétalas, águas claras, carícias de brisas, beijos ternos em seios rosados, como cenas bucólicas-amorosas de Monet.
    São poemas de exaltante e inebriente encantamento erótico feminino, que nos fazem também ouvir por entre o chilreio dos pássaros, os sons dos beijos, dos abraços, das vozes susurrando palavras quentes nas faces rubras de desejos, tocando e cantando melodias românticas em adágios, sonatas e alegres Cantatas: de Albinoni, de Chopin e de Mozart. Por isso a poesia de Lúcia Helena nos faz renascer para esse romantismo, para esse vigor lírico do belo e amoroso erótico feminino, de forma aberta, clara, como a água pura que brota das fontes e percorre seu caminho natural,irreprimível, até ao mar. É por ser poesia, pintura e música, romanticamente apaixonada e apaixonante, que a poesia de Lúcia Helena Pereira é única, sublime e sublimadora, que se oferece, generosa, para cantar todas as vozes, para pintar todos os coloridos dos cenários bucólicos do amor, para nos fazer ouvir todos os sons melódicos, que resgatam todas os amores contidos, calados, reprimidos, indizíveis, dos seus leitores/as. Princesa das Letras de Ceará Mirim, eu, poeta, me confesso! Me confesso do Belo, do Bem e do Bom e elevado sentimento-emoção-alimento poético que distribuies e eu recebo. Me confesso teu rendeiro de admiração carinhosa e, com afeto, me confesso devedor das palavras não exatas, insuficientes, para cantar em tua homenagem.
    Carlos Morais dos Santos
    Cônsul (Lisboa) da Assoc.Intern. Poetas Del Mundo;
    Membro da Academia Portuguesa de Letras, Artes e Ciências,
    Membro da SPVS/RN-Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN-Brasil;
    Membro da Soc. Portuguesa de Geografia de Lisboa;
    Membro do IHG/RN-Inst. Histórico-Geográfico do RN-Brasil;
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