sexta-feira, 23 de setembro de 2011

ATÉ O FIM - Clara da Costa


ATÉ O FIM
Clara da Costa

tudo é você,
na poesia,
na distância que machuca,
na solidão que escraviza.

no ar que respiro,
nos versos que escrevo,
no silêncio confidente
da noite que baila ao vento.

nos cenários das horas vadias,
na lágrima que rola,
na saudade que se enrola.

Tudo é você,
na tela vazia,
onde pinto com o teu sorriso...

Tudo é você...
até o fim!

...E CALO - Clara da Costa


…E CALO

Clara da Costa

A noite desmaia,
sem compromisso,
sem pressa,
sem volta.

O espaço é farto,
quando mergulho na solidão
tão grande quanto minha liberdade,
minha emoção.

Sobro nessa solidão,
mas em ti falto,
quando escuto o som do passado.

E calo…calo,
quando tento gritar teu nome,
cada vez mais alto.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

EPITÁFIO PARA UMA CERTA «AMIZADE»

                         
                        EPITÁFIO PARA UMA CERTA «AMIZADE»


Lá jaz a amizade em campa rasa
                                                                       Se uma amizade morre é dor pungente
Nem sequer chegou a adolescente
                                                                       Ígnea fogueira o coração abrasa
Precoce anorexia logo a arrasa
                                                                       Qual filho pródigo que abandona a casa
Melhor foi a morte para a doente
                                                                       E em todos deixa saudade dormente


Um calor humano que não abrasa
                                                                       E quem a perde já não tem a asa
Gélido que a deixa descontente
                                                                       Que cobre e afaga o ombro, docemente
Sem ter apoio, abrigo ou até casa
                                                                       Só o vazio ficará latente
Amizade sucumbiu precocemente                          
                                                                       No sem abrigo que perdeu a casa


Por ela até rascunho um cardápio
                                                                       Fica perdido quem a perde assim
Um sentido e dolorido epitáfio
                                                                       Um bem tão raro, não deve morrer
Que vou esculpir em mármore de Carrara
                                                                       E se assim for e ele chegar ao fim


Não tenhas pena poeta, qual arara
                                                                       Gravo-o, antes, a ouro e marfim
Teu poema já dourou a tua vida
                                                                       Esse tesouro para o poder ter
Por ele ganhaste a Terra Prometida.
                                                                       Na campa rasa que existe em mim.
                                                          
                                                                      
MARIA VITÓRIA AFONSO.                         EDUARDO MAXIMINO.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

MEU LINDO HOMEM - Lúcia Helena Pereira


MEU LINDO HOMEM
Lúcia Helena Pereira

De pele dourada e olhar de chuva
Mãos tão belas, macias, grandes, quentes, amorosas!
Meu homem de 40, 60, 70, 80 anos?
Apenas um menino em minha alma
E minha ânsia de amar!

Homem de cheiro bom,
Cheiro de mato fresco, amanhecido,
Cheiro de  almíscar...jogando bafos em mim,
Sem selvageria, mas, com mansidão e ternura,
Abrindo minhas entranhas e fazendo-me delirar!

Oh! Meu lindo homem!
Quero cheirar o teu cheiro,
Beijar teus olhos iluminados,
Cheirar teus lábios de amor
Segurar a tua mão de amor em minha mão
Fazê-la deslizar sobre meu ser
E me vestir do teu calor!

Meu lindo homem!!!
Apenas me amando...aquecendo-me,
Aconchegando-me em teu peito arfante,
Sussurrando palavras bonitas em meus ouvidos
E me amando de amor.

Homem lindo, todo lindo,
À luz de tantos símbolos voláteis,
Como dançarinos em passos de tangos argentinos,
Rodando em mim, dançando em mim!

Meu lindo e terno homem de sangue quente,
Bravo e terno, doce e amoroso,
Dormindo em meu abraço e despertando na aurora
Das flores que brilham tontas de luz,
Tecendo ramos em meu corpo
E no sorriso casto das pétalas rosadas desse teu sorriso -luz.

Meu lindo homem - eu te quero!

QUERO O SEU OLHAR DE SOL - Lúcia Helena Pereira


QUERO O SEU OLHAR DE SOL

Lúcia Helena Pereira 

Sim, quero o seu olhar de sol,
Sem a venda intrusa que a poeira cobre e ofusca.
O Seu olhar é mirante de alegrias
Alegoria festiva, convidada para os carnavais.

Vejo uma dança branca em seu olhar de mel
Requebrando-se numa esquina azul,
Onde uma íris enfeitada de doçura,
Ensaia passos ao redor do palco âmbar.

Quero o seu olhar em irradiante luz,
Em terceira dimensão, com visões rosadas
De lírios se abrindo, num muro cor de primavera
Flambada de sol.

Vejo a retina do seu olhar vestida de cristais
Porque tudo nele é luz, claridade,
É potencial de distância alcançada
No seu doce e puro olhar de amor.

Quero o rio brilhando em seu olhar
Que aponta faróis incandescentes
E contempla o dia e a noite,
Com uma clareza certamente pródiga.

E beijo o calor que emana do seu olhar
Nele um bafo de anjo já suspira
Anunciando o novo dia,
A nova luz do véu estelar do seu olhar.

Quero o seu olhar completamente enfeitado
Onde namoram paisagens e flores se acasalam
Junto aos pássaros do amanhecer,
Em muita luz, brilho e um verde exuberante.

Porque o seu olhar vem da canção diurna,
Embora mudo, seu olhar canta a pulsação
Da melodia em notas magistrais,
Dó, ré, fá, sol, lá, si...

Quero o seu olhar derramando vestigios
Espalhando a dança dos pirilampos
Num chão de folhas frescas e perfumadas,
Onde o sol desmaia tênues fios.

Esse seu olhar de bicho na escuridão das matas
Divisando mistérios, acendendo clareiras,
Olhar de fogo, ardor, olhar de brisa e amanhecer
Um olhar ocre, cheio de milagres.

Quero o seu olhar abrindo as cortinas
Do grande palco da vida.
Quero-o com novo figurino, bons atores,
Quero um filtro delicado para o licor do seu olhar.
EU QUERO!

O OURO DO SEU OLHAR - Lúcia Helena Pereira


O OURO DO SEU OLHAR
Lúcia Helena Pereira

Ouço singela canção na melodia do seu olhar.
E notas musicais vão chegando,
Como flores amanhecidas
Despetalando - se do roseiral de sua alma!

-Genuflexa faço uma súplica de amor,
A alegoria brilhante dos seus lábios
Bordam luminosos contornos
Passeando diante de mim!

-E vou colhendo, orvalhada e doce,
Uma maçã rosada,
Como se fosse da cor do seio da menina-moça,
Refletida no ouro límpido do seu olhar.

Olhar de sol, fogo, labareda intensa,
Vulcão de inebriante paixão!

-O ouro cintilante do seu olhar me acende,
Tal crepitante fogueira - fagulhas no ar -
Queimando os meus desejos todos
E transformando em cinzas, os meus anseios amarelos.

-Quero essa estrela fulgurante
Iluminando o firmamento do seu olhar,
Onde brilham brancos e adornados sonhos,
Como pérolas cortejando solitários pensamentos,
Como anjos protegendo ricos sentimentos,
No ouro reluzente do seu olhar mestiço,
Cheio de sal, céu e luz!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Cio da terra - Augusta Schimidt


Cio da terra
Augusta Schimidt

Terra nossa e seus mistérios
Verde de ver e sonhar esperança,
Chora azul, molha o chão
Brota o grão feito erva bendita.

Pedras silenciosas,
Fendas ociosas,
Lavas incandescentes
Ventos dançantes... Fecundação
Terra... Milagre da Vida.

Campinas/ SP
Julho/2011

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

NOSSOS PÉS - Adelia Mateus


NOSSOS PÉS
Adelia Mateus

Se enlaçam, se prendem...
Como nossos braços...
Envoltos em carinhos...
Que delícia receber,
o toque suave dos seus pés...
entrelaçados, presos levemente...
que se querem,
que se desejam,
que se encontram,
nunca serão esquecidos.

CHEGANDO A PRIMAVERA - Adelia Mateus


CHEGANDO A PRIMAVERA
Adelia Mateus

Está chegando a primavera
com seu manto colorido
exalando o perfume no ar.

A vida se torna mais alegre
Os corações transbordam amor
Em sonhos amorosos e coloridos.

Ah! Primavera que me seduz...
quando caminho pelos jardins
feitos em aroma de felicidade.

A natureza renasce em multicolores
Nas lindas manhãs convidativas...
a vida se transforma em novo sonho.

domingo, 18 de setembro de 2011

Indecisão - Adelina Velho da Palma


INDECISÃO 

Tenho passado a vida a intervir,
p’ra no fundo nada ter definido,
aquilo que eu julguei ter induzido,
foi na verdade o tempo a decidir...

Um elevado ideal perseguir
ou resignar-me com o estabelecido,
foi sempre meu dilema persistido,
sem nunca ultrapassá-lo conseguir...

Largar tudo e partir p’ra aventura
é meta que nunca me abandonou
mas careço de fibra e de estatura...

E contentar-me com o que ficou
é uma impossibilidade pura
que este louco intuito originou!...

Adelina Velho da Palma

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

MOMENTO MUSICAL - Ligi@Tomarchio®


MOMENTO MUSICAL
Ligi@Tomarchio®

Agora, a luz não ofusca seus olhos
abertos para vida outra
semblante sereno de face corada
sente o perfume da existência.

Doce sabor refresca sua alma
alada emoção que sorri
arco-íris envolvente percebe
a passos largos cobre distâncias.

Instante infinito horizonte breve
das notas musicais já conhecidas
liras dedilhadas existem sempre
surrealidade da razão
mora no cume da montanha
testemunha do seu lume.

Jaz sofrimento sob a terra abençoada
colhe as flores sem temor
amor se fez momento musical...

Ligi@Tomarchio®
SP/25/03/2007

domingo, 4 de setembro de 2011

HINO À MATEMÁTICA - Adelina Velho da Palma


HINO À MATEMÁTICA
Adelina Velho da Palma
(em redondilha maior)

Eu canto a tua beleza
ó rainha das ciências,
fora de ti a certeza
é apenas aparências...

Toda tu és perfeição
de lógica inabalável,
abstracta inspiração,
sempiterna, invariável!

Enquanto as outras ciências
vivem de investigação,
tu dispensas experiências
só da mente és construção!

Por isso foste a primeira
e tudo a ti se reduz,
nasceste desta maneira:
- Agora faça-se a luz!

És feita de absoluto
e por isso és intangível,
para tudo tens soluto
somente tu és credível!

A lógica em ti reside,
fora de ti nada a tem,
por isso só quem decide
com base em ti o faz bem...

Sobrepões-te ao que é vulgar,
pairas sobre o que é real,
mas consegues modelar
mais que qualquer material...

E apesar de imutável
derivas constantemente,
evoluindo notável
de ti mesma dependente!

Ninguém deixas indiferente,
geras emoção a esmo:
ódio de quem te é temente,
quem te entende, ama-te mesmo!...

Mas não são muitos aqueles
de quem és a predilecta,
como muito esperas deles
também nisso és mui selecta...

Só em ti eu acredito
p’ra solucionar problemas,
tudo acaba por ser dito
nalgum dos teus teoremas...

Só me entrego à tua arte...
Só por ti meu cérebro vive...
A ti devo a melhor parte
do gáudio que já obtive...

Transportas-me para um mundo
onde tudo faz sentido,
teu recôndito profundo
refrigério meu tem sido...

Deste-me este privilégio
de teu âmago abarcar,
teu supremo sortilégio
obriga-me a te cantar...

A meu frágil cérebro peço
conserve tua afeição...
Pois só a ti eu conheço
próximo da perfeição!...

AMOR - Ligi@Tomarchio®


AMOR...

Pétalas se misturam ao ar
rodopiar de cores e odores
envolvem o espírito do amor
agora pleno, na surrealidade
de um momento saboroso.
Doce mel cresce no peito
coração explode em êxtase
não há fronteiras, nem céu e terra
apenas o sentimento maior que o ser.
E me calo, permaneço encantada
tal princesa adormecida de prazer.
Amor, agora sou sua
plena, entrego meu ser...
Quero voar com suas asas
ver com sua alma
sentir planar nossos corpos
nas nuvens róseas e floridas.
Deuses aprovam nossa união
anjos, das liras fazem sinfonia
murmuram as águas dos rios
chovem perfumes e pétalas
cânticos celestiais ouvimos
de pássaros errantes a nos observar
em coro nos juntamos a eles
na alegria e paz do instante...
Nosso momento de amor...

Ligi@Tomarchio®

São Paulo/28/10/2007

sábado, 3 de setembro de 2011

A Flor da Vida



A Flor da Vida

A flor da vida
derrama suas pétalas
no teu regaço
por um amor sereno

A nuvem sonha
As delícias os delírios
na incapacidade do ser
de um véu transparente

O portal do amor
ergue-se na vaga
silenciosa de um desejo
na sensualidade estranha

São bocejos de namorados
através das algas
de um mar suave
a beijar o teu corpo.

Pedro Valdoy

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Preciso de Palavras - Entrelace - Maria Vitória Afonso e Eduardo Maximino


Preciso  de   Palavras  : Entrelace

Preciso de Palavras, sou carente
Dizes que não podes, rouca a tua voz
O pincel manuseias tão somente
Esvai-se  tempo entre  antes e  após.

É de tuas palavras que preciso
Careço do que a cores tu me dizes
Se o pincel, em tuas mãos, corre indeciso
No ante e no após de teus matizes.

Obcecado, procuras insistente
Te balanças entre contras e prós
Amor oculto ou terno ou  pungente
Some-se entre os imbrincados  nós

Procuro-as no encanto de um sorriso
Nos contras e nos prós em que desdizes
Aquele amor oculto, terno aviso
Que, em voz fantasiosa, contradizes.

Sei que existe essa hora e o momento
 Mais dia   menos dia, vai surgir
Por único será de encantamento.

Do negro escurecer, rejeito a hora
E espero o alvorecer  do  dia  a dia
Que creio e sei, será de encantamento.

O Mago instante de contentamento
Nossas  almas com cravos a florir
A nada reduzido o desalento

E raiará com cravos a aurora
Em vez de sombra negra e fugidia
Que se apossou de nós por um momento

Azul   Maria Vitória Afonso

Castanho Eduardo Maximino