HINO À MATEMÁTICA
Adelina Velho da Palma
(em redondilha maior)
Eu canto a tua beleza
ó rainha das ciências,
fora de ti a certeza
é apenas aparências...
Toda tu és perfeição
de lógica inabalável,
abstracta inspiração,
sempiterna, invariável!
Enquanto as outras ciências
vivem de investigação,
tu dispensas experiências
só da mente és construção!
Por isso foste a primeira
e tudo a ti se reduz,
nasceste desta maneira:
- Agora faça-se a luz!
És feita de absoluto
e por isso és intangível,
para tudo tens soluto
somente tu és credível!
A lógica em ti reside,
fora de ti nada a tem,
por isso só quem decide
com base em ti o faz bem...
Sobrepões-te ao que é vulgar,
pairas sobre o que é real,
mas consegues modelar
mais que qualquer material...
E apesar de imutável
derivas constantemente,
evoluindo notável
de ti mesma dependente!
Ninguém deixas indiferente,
geras emoção a esmo:
ódio de quem te é temente,
quem te entende, ama-te mesmo!...
Mas não são muitos aqueles
de quem és a predilecta,
como muito esperas deles
também nisso és mui selecta...
Só em ti eu acredito
p’ra solucionar problemas,
tudo acaba por ser dito
nalgum dos teus teoremas...
Só me entrego à tua arte...
Só por ti meu cérebro vive...
A ti devo a melhor parte
do gáudio que já obtive...
Transportas-me para um mundo
onde tudo faz sentido,
teu recôndito profundo
refrigério meu tem sido...
Deste-me este privilégio
de teu âmago abarcar,
teu supremo sortilégio
obriga-me a te cantar...
A meu frágil cérebro peço
conserve tua afeição...
Pois só a ti eu conheço
próximo da perfeição!...
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