VI NEVE
Vi neve, vi o morrer
Dum sonho em tarde fria.
Passaste, não quis ver
Quem eu tanto queria.
Vi o malmequer desfeito
No asfalto negro da estrada;
Vi as pétalas no ar voando
E uma, de quando em quando,
Caía exausta, cansada.
E, nesse voo infernal,
Vi teus dedos desfolhando:
Bem-me-quer, mal-me-quer,
Ou muito me está amando.
Num longo riso eu ouvi
Essa voz que tanto anseio;
Como a neve, bela e fria
E que a sorrir me dizia
Aquilo em que eu não creio:
Vê, desgraçado, vê,
Esta folha abandonada.
Cortaste a que queria muito,
Esqueceste a folha do nada.
João Coelho dos Santos
João Coelho dos Santos
03.02.1959
in: Por Ti Amor
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