À procura da saudade
À procura da saudade que não encontrou,
Varada por um arrepio de medo
Com olhar de infinito,
Um grito luminoso de alvorada soltou
E pôs-se a passear
Longos caminhos de lembranças...
Quando chegou a húmido lago mudo
Uma sombra rastejava no chão.
Mais um vacilante passo deu...
Abriu a janela do infinito e espreitou.
Rompeu-se denso véu de bruma
E, como em jogo de marionetas,
Foi envolvida por um vago abraço de nuvem
Que a fez despertar para um novo querer,
Querer volúvel e caprichoso.
Ao sentir as unhas afiadas do vento
No seu louco abraço,
Chorou lágrimas risonhas de saudade
Soltando um grito de alma reduzido a um ai!
Deixai-a sonhar castas carícias,
Suspender caminhos de cansaços
E envolver-se em infantis esperanças.
Queda-se o vento e, lentamente, adormece.
Não faças barulho
Que o silêncio dorme!
Longe, longe, bailam as ondas do mar.
João Coelho dos Santos
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