quinta-feira, 28 de julho de 2011

A ÚLTIMA VEZ - Adelina Velho da Palma


A ÚLTIMA VEZ

Eras um mar tranquilo e cortês
cujos braços de luz e energia
atraíram meu ser em harmonia...
- E amei-te pela primeira vez…

A pouco e pouco teu doce jaez
transformou-se na maior alegria
de uma vida que a sorte exauria…
- E amei-te mais uma e outra vez…

Mas eis que finalmente veio um dia
em que a névoa teu brilho desfez
e te envolveu um cheiro a maresia…

E percebi que era chegada a vez
de te retribuir a simpatia…
- E amei-te pela última vez…

Adelina Velho da Palma

quarta-feira, 20 de julho de 2011

À Procura da Saudade


À procura da saudade

À procura da saudade que não encontrou,
Varada por um arrepio de medo
Com olhar de infinito,
Um grito luminoso de alvorada soltou
E pôs-se a passear
Longos caminhos de lembranças...

Quando chegou a húmido lago mudo
Uma sombra rastejava no chão.
Mais um vacilante passo deu...
Abriu a janela do infinito e espreitou.

Rompeu-se denso véu de bruma
E, como em jogo de marionetas,
Foi envolvida por um vago abraço de nuvem
Que a fez despertar para um novo querer,
Querer volúvel e caprichoso.
Ao sentir as unhas afiadas do vento
No seu louco abraço,
Chorou lágrimas risonhas de saudade
Soltando um grito de alma reduzido a um ai!

Deixai-a sonhar castas carícias,
Suspender caminhos de cansaços
E envolver-se em infantis esperanças.

Queda-se o vento e, lentamente, adormece.
Não faças barulho
Que o silêncio dorme!
Longe, longe, bailam as ondas do mar.

João Coelho dos Santos

domingo, 17 de julho de 2011

DO PERFUME DE SUA LUZ - Lúcia Helena Pereira


DO PERFUME DE SUA LUZ
Lúcia Helena Pereira


Não posso viver sem a canção que vem da sua luz
Notas musicais sublimes, coloridas, em formatos singelos,
Espargindo o doce perfume do lilás da sua alma
Em minha concha branca de seio amoroso e crespo.

A sua luz ficou em mim, como candeeiro em noite escura,
Abrindo caminhos, aclarando o chão de lilases
Feito só de azuis, plantados, por suas lindas mãos,
Num canteiro morno do meu coração.

O doce perfume de sua luz me incandesce,
Deixa-me tonta de amor e anseios,
Fazendo-me bailar, sem pressa,
Num salão feito de amoras e açucenas.

Não conseguiria viver sem essa luz
Lilás, cheia de mil pétalas e jasmins
Coloridos, mesclados de um anil profundo
Para a canção do meu olhar teimoso e ansioso!

Sua canção de primavera traz todos os lilases
Num cortejo amoroso, doce, sensual,
Que vem do perfume de sua luz tão macia,
Brilhando em minha mão pequenina e dolorida...

sábado, 16 de julho de 2011

DO AMOR QUE FICA - Lúcia Helena Pereira


DO AMOR QUE FICA
Lúcia Helena Pereira

Fale-me desse amor que fica
No perfume da rosa que te dei
E desfolhaste na madrugada insone.

Preciso saber desse amor imenso, lento, chegando
Para ficar um dia, preso entre nós dois,
Concha do mar, luar de abril,
Brisa que o vento agride.

Fale-me dessa rosa que fica
Num jarro de vidro azul esmaecido,
Onde ela se destaca e adormece,
Amanhecendo em suor de luz.

Fale-me desse amor que fica
Na doçura de um cansaço de esperas,
Na luminosidade de um dia festejado de sol,
Na hora íntima, de juntarmos nossos corpos...
E mãos!

Preciso desse sorriso seu - amoroso,
Da translúcida hora da afeição e do orgasmo
De uma flor, presa ao galho,
E se desprendendo, parindo sozinha...

Fale-me do amor que fica - eterno,
Lindo e lírico, cheio de noites e madrugadas,
O amor que nada pede, recebe
E se dá!

sexta-feira, 15 de julho de 2011

ERA TUDO QUE EU QUERIA - Lúcia Helena Pereira


ERA TUDO QUE EU QUERIA 
Lúcia Helena Pereira 


Era tudo que eu queria: uma flor singela, 
De qualquer cor, com perfume almiscarado, 
Pétalas macias, balançando-se ao vento. 

Queria o teu silêncio de prontidão, 
Anunciando auroras e crepúsculos 
Com trombetas sincronizando teu pensamento, 
E que eu pudesse ouví-lo, como canção. 

Era tudo o que eu queria: um leve olhar, 
Mão de carícia em minha ânsia 
Suspiro de amor - chama de poesia! 

Queria a tua essência em mim, comovida, 
Descansando a dor, o sofrimento, 
E repousando em leve sono e carinhoso aconchego 
Adormecendo em meu seio rosado. 

Era tudo que eu queria: teu lábio doce 
Molhado do azul rasgando a nuvem 
Enquanto eu pudesse beijá-lo, suavemente! 

Queria o sortilégio de ser teu pensamento num minuto. 
Ilusões esfregando-se em delirantes sensações 
E um halo aromatizando jasmins 
Num canto bom do seu jardim encantado. 

Era tudo que eu queria: de sua presença-ausente, 
Vindo em minha direção, num abraço simples, 
E um cochicho morno aventurando-se em meu ouvido. 

Queria esse seu olhar demorado em minhas entranhas, 
Descobrindo caminhos escondidos, festivos 
Abrindo-se como a flor...abrindo-se 
E sua natureza me penetrando, com profundidade. 

Era tudo que eu queria, naquela noite, 
Onde a timidez e o recato se sobressaíram 
E o tempo - zombeteiro - festejou a recusa dolorida! 

Queria sua mão sensual, umedecida em minha lágrima, 
Vazando do meu olhar pequenino - lago de desejos, 
Num som de águas inquietas, frenéticas, deslizantes 
Jorrando de minhas esperas e orgasmos brancos. 

Era tudo que eu mais queria!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Poema Acróstico - Maria Petronilho

                           
                                               Poema Acróstico Pedro Valdoy

                                    Puro diamante

                                    É o teu coração

                                    De ouro a tua alma

                                    Rubis flúem nas tuas veias

                                    Onde tanto amor reluz!



                                    Vigilante poeta

                                    Ao mundo e a nós

                                    Lês as entrelinhas

                                    Das nossas alegrias

                                    Ou se há tristezas

                                     Y Pedro a ajudar






Maria Petronilho

28 de Junho de 2007

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A DOCE LÁGRIMA - Lúcia Helena Pereira


 A DOCE LÁGRIMA
Lúcia Helena Pereira

                                                     -Ela escorria da ladeira d´alma

Radiosa como um sol.
Vinha de um cântaro de perfumadas flores,
Docemente deslizando dos meus olhos.

-Bem à beira daquela fonte de luz e riacho,
A lágrima passava veloz
Misturando-se à incansável simbiose de águas
Que o segredo buliçoso do momento,
Expandia!

-Havia naquela lágrima, uma doçura imensa,
Canção distante no olhar querente
Insatisfeito, magoado, espinho cravado na íris
Ferida ainda aberta, sangrando...

-A minha lágrima dorida
É uma fonte imensa de tristeza
Caindo num lago azul, só de flores
Onde anjos banham-se e cantam.

-Onde os meus sorrisos de infância?
Onde a felicidade de outrora?
Onde recuperar o passado?
Onde não sofrer buscando explicações?

-Desce um véu de luz dos meus olhos,
Inebriante estrela fulge ao longe,
Sinto-a escorregar entre os meus dedos...
É a lágrima contente, a festejar!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Poema Acróstico a Maria Petronilho


         Poema Acróstico a Maria Petronilho
                                    Pedro Valdoy

                           Muitas vezes vem a poesia
                           Ainda com o canto do rouxinol
                           Rumando até às estrelas
                           Indo pelo jardim da fantasia
                           Antes do Sol se pôr

                            Por entre os poetas
                            Entre as pétalas de uma flor
                            Tudo se clarifica na harmonia
                            Rumando por caminhos de cetim
                            Onde nos encontrámos
                            Na via da paz e da serenidade
                            Isto para os versos que semeamos
                            Longe das multidões
                            Havendo a amizade duradoura
                            Onde sempre existiu e renasce.

                                             Junho 2007

domingo, 10 de julho de 2011


ACREDITAS?

Acreditas
Que existe Alma
Que nunca ninguém viu?

Acreditas
Que umas são boas,
Outras más?

Acreditas
Que o sopro da vida
E aquilo que a anima
É obra de Deus?

Mas porquê tanta miséria,
Tanto mal, tanta dor,
Tanta angústia,
Tanta guerra,
E tanta falta de amor?

Acreditas
Na bondade,
Na misericórdia
E no perdão?

Olho o Céu, o Sol,
As Estrelas, a Lua
E do fundo do meu ser
Com força sobrehumana grito:
Acredito!

Ninguém viu o vento,
E ele existe!

Ninguém tocou um pensamento,
E ele existe!

Ninguém abraçou a sombra
E ela existe!

Acredito
Nas coisas belas do mundo,
Na flor, no arco-íris,
Na água fresca do rio,
No milagre da Primavera.

Acredito
No reequilíbrio da Natureza,
Nos insondáveis mistérios
No universo;
Na palavra,
Que é hino de amor,
Que é verso;
Na ternura de um olhar,
Na alegria de viver,
No encanto de te ter.

Acreditar é ter Fé,
Sentir o sexto sentido,
Esperar com esperança,
Sofrer o sofrimento,
Alegrar-se na alegria.

À noite sucede o dia!

O lenho que se fez Cruz
Ao Mundo deu luz.
Antes do último ai
Disseste meu Jesus:
Perdoai-lhes, Pai.

E o Pai perdoou,
E o Homem não mudou.
Prefere ignorar-Te,
Maldizer-Te, maltratar-Te,
Como se seu igual fosses.

Em nome da humanidade,
Perdão Te peço, Senhor.

Em ti, Senhor, acredito!

João Coelho dos Santos


1992.12.20
in: Por Ti Amor

VI NEVE - João Coelho dos Santos

                                            VI NEVE
Vi neve, vi o morrer
Dum sonho em tarde fria.
Passaste, não quis ver
Quem eu tanto queria.

Vi o malmequer desfeito
No asfalto negro da estrada;
Vi as pétalas no ar voando
E uma, de quando em quando,
Caía exausta, cansada.

E, nesse voo infernal,
Vi teus dedos desfolhando:
Bem-me-quer, mal-me-quer,
Ou muito me está amando.

Num longo riso eu ouvi
Essa voz que tanto anseio;
Como a neve, bela e fria
E que a sorrir me dizia
Aquilo em que eu não creio:

Vê, desgraçado, vê,
Esta folha abandonada.
Cortaste a que queria muito,
Esqueceste a folha do nada.


João Coelho dos Santos


03.02.1959

in: Por Ti Amor

sábado, 9 de julho de 2011

A Noite Era de Oiro - Pedro Valdoy


A Noite Era de Oiro

A noite era de oiro
a lua estrelava prata
nos becos da aldeia
e vielas perdidas

Os cidadãos meio afoitos
perdiam-se na tasca
em plena jogatina
no desengano de um jogo

Como perdidos no tempo
sentiam o tragar dos dados
na incerteza desesperada
coberta de cânticos celestiais

As crianças baloiçavam-se
num adormecimento
ingénuo   eterno
em voos mágicos para o futuro

São as fragrâncias do ser
delapidado pelo amor
dos namorados enternecidos
como amantes ao luar.

Pedro Valdoy

sexta-feira, 8 de julho de 2011

NÃO HÁ CRISE - Santos Zoio


NÃO HÁ CRISE  !

Querem-me convencer
                                (por ser PORTUGUÊS)
                                                                de que devo milhões a muita gente...
-Daqui declaro
                      solenemente
                                          de que não devo um centavo a ninguém !
-Se “sabem” quem é o indecente...
-Porque não lhe “caçam” o vintém ?
-Porque
            todos temos de pagar
                                              pelas culpas de alguns ?
-Aonde está a JUSTIÇA e a EQUIDADE ?
-Porque são SEMPRE os pobres a pagar ?
(quando os ladrões se regalam
                                               -e riem de nós...-
                                                                     nos seus paraísos fiscais ?)
       -NÃO HÁ CRISE !
                                               -Há sim
                                                           injustiça
                                                                         demais !
Santos Zoio