quarta-feira, 31 de agosto de 2011

CONVIDAR A TRISTEZA PARA DANÇAR - Clara da Costa


CONVIDAR A TRISTEZA PARA DANÇAR
Clara da Costa

São devaneios,
loucuras,
ressaca,
romantismo
delírios?

Passeio na madrugada de sinfonias tristes,
num pedaço de qualquer lugar,
mente desnorteada,
mascarando alegrias,
camuflando vontades,
sem rumo,
sem futuro,
tentando encontrar o teu sorriso
nos rostos que perambulam ,
nos olhares perdidos,
à procura do nada e do vazio devorador.

Ah...!!
tantas vezes eu morri,
tantas vezes ressucitei...!

Vou tomar outro rumo,
afogar a saudade,
colorir a monotonia,
pintar um sorriso,
abandonar o ontem,
deixar o tempo correr como areia entre os dedos,
deixar de ser solidão,
e...convidar a tristeza para  dançar!!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

ADORO - Ligi@Tomarchio®


ADORO
Ligi@Tomarchio®

A natureza
longas árvores
escadas para o céu
arco íris
íris dos meus olhos
mirando pássaros
poderosos guardiões
ao anoitecer.
Sentir terral úmido
som das águas
rochas.
Flores multicores
perfumes
sons celestiais
anjos naturais
animais no cio
sazonais paisagens
guardadas na retina
de olhos atentos
ao vento
lento...
Alento do viver!

Paz - Ligi@Tomarchio®


PAZ
Ligi@Tomarchio®

Paz semi estrelada
estatelados olhos não vêem
transparência que se impõe
sob corpos etéreos.

Errante nau do cosmo
evita a queda
nauta do universo
busca verdade e aventura
esbarra em constelações.

Movimento eterno universal
redemoinho de emoções
emanam ao soprar do vento
nos oceanos da vida em terra.

Não há mistério.
Apenas astros no céu e a
esperança de paz na terra.

28/01/2009 - SP

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Diz-me - Maria Vitória Afonso



Diz-me

Diz-me
Se o meu rosto,
De tantas madrugadas
Acumuladas
Denota algum
Gosto pela Vida.

Diz-me:
Se minha alma
Exibe a força anímica
Que lhe conheceste outrora.

Diz-me:
Se é notório ainda
O amor pelos cães
A quem chamei irmãos
Como S. Francisco.

Diz-me
Se é possível
Arder ainda o fogo do amor
Ou restam apenas cinzas
 Exumadas pelo tempo
Vasto e inútil.

Diz-me:
Se morro aos poucos
De tédio
Ou se ainda me darás
 A tua mão.

Digo-te
Talvez ainda acredite
Incoerentemente
Em tudo o que acabei de descrer.

Maria Vitória Afonso

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

QUERO O SEU OLHAR DE SOL - Lúcia Helena Pereira



QUERO O SEU OLHAR DE SOL

Lúcia Helena Pereira

   Sim, quero o seu olhar de sol,
Sem a venda intrusa que a poeira cobre e ofusca.
O Seu olhar é mirante de alegrias
Alegoria festiva, convidada para os carnavais.

Vejo uma dança branca em seu olhar de mel
Requebrando-se numa esquina azul,
Onde uma íris enfeitada de doçura,
Ensaia passos ao redor do palco âmbar.

Quero o seu olhar em irradiante luz,
Em terceira dimensão, com visões rosadas
De lírios se abrindo, num muro cor de primavera
Flambada de sol.

Vejo a retina do seu olhar vestida de cristais
Porque tudo nele é luz, claridade,
É potencial de distância alcançada
No seu doce e puro olhar de amor.

Quero o rio brilhando em seu olhar
Que aponta faróis incandescentes
E contempla o dia e a noite,
Com uma clareza certamente pródiga.

E beijo o calor que emana do seu olhar
Nele um bafo de anjo já suspira
Anunciando o novo dia,
A nova luz do véu estelar do seu olhar.

Quero o seu olhar completamente enfeitado
Onde namoram paisagens e flores se acasalam
Junto aos pássaros do amanhecer,
Em muita luz, brilho e um verde exuberante.

Porque o seu olhar vem da canção diurna,
Embora mudo, seu olhar canta a pulsação
Da melodia em notas magistrais,
Dó, ré, fá, sol, lá, si...

Quero o seu olhar derramando vestigios
Espalhando a dança dos pirilampos
Num chão de folhas frescas e perfumadas,
Onde o sol desmaia tênues fios.

Esse seu olhar de bicho na escuridão das matas
Divisando mistérios, acendendo clareiras,
Olhar de fogo, ardor, olhar de brisa e amanhecer
Um olhar ocre, cheio de milagres.

Quero o seu olhar abrindo as cortinas
Do grande palco da vida.
Quero-o com novo figurino, bons atores,
Quero um filtro delicado para o licor do seu olhar.
EU QUERO!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

CONSOLAÇÃO - Maria Vitória Afonso



CONSOLAÇÃO
             
                  À   Ana…ao  Plácido

Mês de Agosto, cá  estás de novo
A encher minha vida de carências
Queria um G.P.S. para demandar afectos
Alguém com sentimento mo proporcionou.
Rumámos ao cerne da ternura;
CONSOLAÇÃO
Estava quente o coração de Portugal
E é mentira o que dizem dos”Amigos de Peniche”
O mar bem azul afaga o ego das pessoas
CONSOLAÇÃO:
Tens a magia de uma praia para enfermos
Não barrei meu corpo de argila
Mas enchi minha alma de espiritualidade
.CONSOLAÇÃO
Comendo caldeirada no restaurante à beira mar, que  era  a  surpresa,
Onde o safio
Pedia meças ao  safio   do nosso mar do sul
CONSOLAÇÃO
Confortaste minha alma das mazelas e do vazio.
(O velhote – contaram - curou-se e deixou as muletas na praia do reumático)
CONSOLAÇÃO
Eu deixei resquícios de tédio em que agonizava
CONSOLAÇÃO:
Consolaste-me, consoladamente.
Não há amigos de Peniche.

Maria Vitória Afonso

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

DELÍRIOS DE MEUS SONHOS - Adelia Mateus



DELÍRIOS DE MEUS SONHOS
Adelia Mateus

Sonhos em forma de miragem...
Segredos que nunca declarei
as que moram no meu coração,
magoando os passos dos meus dias!

Sonhos que me visitam sempre
no entardecer de cada noite,
e me acompanham até ao adormecer,
me abraçando em sentida saudade.

Neste aconchego perfeito para te amar,
a noite se torna testemunho desse desejo
tornando refém o meu próprio existir.

No delírio dos meus sonhos loucos
Sigo a incerteza desta amarga realidade,
até que sejas a luz da minha felicidade.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O CAPATAZ - Adelina Velho da Palma



O CAPATAZ                                    

Gostas demasiado de quem és
tens-te em alto conceito e gabarito
imbuído que estás do requisito
de um comandante ao leme no convés!...

P’ra todos olhas d’alto e de viés
semeando oposição e conflito,
nunca perdes de vista o maior fito
de juntar triunfos ao palmarés!...

Afloras os assuntos de resvés
a não ser que constituam delito
d’alguém a quem queres calcar aos pés!...

Aos teus proventos vives circunscrito!...
Não pasmes se ao sofreres um revés
te brindem com um sólido manguito!...

Adelina Velho da Palma

sábado, 6 de agosto de 2011

Sonho Louco - Adelia Mateus


Sonho louco

Adelia Mateus

Este sonho me consome
Como brasa queimando meu corpo...
Sonhando  com quem?
Nao sei...
Ou sei ?
Só sei dizer que você está
sempre em meus sonhos...

Sufocando meus desejos
em delírios de amor...
Sentindo seus carinhos,
suas carícias,
seus beijos...
E sussurando baixinho
Eu te quero!

Apenas um sonho louco.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O Esqueleto - Adelina Velho da Palma


O ESQUELETO                              



És branco, muito belo e elegante,
alias a leveza à resistência,
de puro mineral é tua essência
e a solidez a nota dominante...

Do corpo físico és o estruturante
arcando com o peso da existência,
e constituis a única evidência
que resta de uma vida já distante...

Concentras em ti toda a amargura
de nossa inexorável vã figura
como se fosses tu mesmo assassino!...

A tua face é a face da morte
que nos aponta sempre para o norte
do nosso inevitável destino!...

Adelina Velho da Palma