segunda-feira, 17 de outubro de 2011

MAR VERMELHO - Adelina Velho da Palma


MAR VERMELHO                                                              

Por teu amor de alto a baixo me abri
Mar Vermelho ante a vara de Moisés
e despojada assim de lés a lés
teu corpo e alma nos meus acolhi…

O que era meu em risos te ofereci
meu próprio sangue depus a teus pés
e na ânsia de ser como tu és
de quem eu era quase me esqueci…

Vieram ondas, ventos, tempestades…
Por este amor as forças exauri
à mercê das piores calamidades…

Por fim o tufão amainou por si…
Ficaste nos escombros, sem vaidades…
Julguei-me morta e… sobrevivi!...

Adelina Velho da Palma

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Veneza - Ana Marecos e Maria Vitória Afonso


Veneza

Entrelace

Deixa-me na Gôndola embalar
Os segredos desta doce paixão
No silêncio das águas escutar
A Veneza das noites de Verão.

Sim a Gôndola romântica a vogar
Recebe os segredos do coração
Silêncio tornado um belo cantar
A cidade revela sua emoção.

Ai de amores por ti suspirar
Soar do Rialto o meu pregão
Ai de mil cores Burano pintar
Matar de saudades meu coração!

Pelo encanto de teu  arfar
Enches o Rialto de emoção
Roubas ao Burano doce tremular
Supera-lo com tua paixão.

Pierrot será a minha fantasia
São Marcos guardará essa magia
Digna de todo o seu esplendor.

O palhaço dar-te-á alegria
O santo avivará tua empatia
Amarás com muito mais ardor

Na ponte fixarei o cadeado
Que deixará para sempre selado
O juramento do nosso Amor.

Por tua força anímica  guardado
Na ponte brilhará ousado
Gritando aos ventos  teu grande amor..

Ana Marecos – rosa


Maria Vitória  Afonso  -verde

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O INSETO - Adelina Velho da Palma

 

O INSETO


Teus olhos são ocelos de mosquito
talhados em polígonos cruéis,
tuas pernas, finas como cordéis
sustentam um enfezado corpito!...

Contudo, supões-te muito bonito
- o mais belo de todos os donzéis,
nem vês que de entre todos os papéis
o teu é o mais tolo e esquisito!...

Malgrado a tua dimensão franzina,
graças à carapaça de quitina
manténs uma estrutura das mais toscas...

Mas não és digno duma carabina!...
Hás-de morrer da forma mais cretina
calcado sob um reles mata-moscas!...

Adelina Velho da Palma